domingo, fevereiro 13, 2005

Maitri e Karuna

"Quando as pessoas falam de amor, referem-se habitualmente ao que existe entre pais e filhos, marido e mulher, membros de uma mesma família, casta ou país. Como a natureza de um tal amor depende das noções de "eu" e de "meu", esse sentimento permanece ao nível do apego e da discriminação. As pessoas querem amar apenas os seus pais, o seu esposo, os seus filhos, os seus netos, os seus avós, os membros da sua família ou os seus compatriotas. Mantendo-se prisioneiros do seu apego, preocupam-se com os acidentes que podem atingir os seus entes queridos, antes ainda de eles se produziresm. Quando tais catástrofes se produzem, sofrem terrivelmente. O amor baseado na discriminação gera preconceitos. As pessoas tornam-se indiferentes ou mesmo hostis, aos que ficam de fora do seu próprio círculo amoroso. O apego e a discriminação são causadores de sofrimento para nós próprios e para os outros.

O amor a que todos aspiram sinceramente é feito de bondade e de compaixão. Maitri é o amor que pode trazer felicidade aos outros. Karuna é o que faz desaparecer o sofrimento dos outros. Maitri e Karuna não pedem nada em troca. O campo de acção da bondade e da compaixão não se limita aos pais, à esposa, aos filhos, aos membros da família, ou da mesma casta ou aos compatriotas. Estende-se a todas as pessoas e a todos os seres. Em Maitri e Karuna, não há discriminação, nem "eu" e "não-eu". E sem discriminação não há apego. Maitri e Karuna dão felicidade, aliviam o sofrimento e não causam infelicidade nem desespero."

- palavras do Buda segundo Tich Nhat Hanh: excerto lido durante o seminário deste fim-de-semana


Tsering Paldrön durante o seminário "Amor e Apego - como distinguir?"

foto ©UBP 2005