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foto ©Calica 2004
Há ainda momentos em que as minhas experiências da guerra estão aqui no momento presente. Quando estes pensamentos, sentimentos e percepções entram fortemente na minha consciência concentro-me em nem me ligar ao que surge nem o rejeitar. Em vez disso concentro-me em apenas respirar, e ao mesmo tempo em estabelecer uma relação diferente, mais harmoniosa, com este sofrimento. Isto não significa que estes pensamentos, sentimentos e percepções desaparecem, pois isso não acontece. A cura não é a ausência de sofrimento. O que acontece é que através deste processo de estar mais presente na minha própria vida, paro de tentar rejeitar o sofrimento. Isto é cura e transformação. A prática da meditação da atenção plena sustém-me em participar na realidade da minha vida sem julgamento.
Para viver no momento presente e encontrar paz nas nossas vidas temos de estar atentos em tudo o que fazemos, em cada acto que iniciamos: a forma de abrir uma porta, a forma de colocar um prato no armário, a forma de trabalhar, a forma de falar com outra pessoa, a forma de atar os sapatos, de dar um passo, de sentar, de lavar os dentes, de conduzir um carro. Nem sempre é fácil. Facilmente nos deixamos distrair pelos pensamentos, por imagens do passado e do futuro, por sonhos, por esperanças, por arrependimentos. Portanto enquanto vivia na comunidade "Plum Village" em França, aprendi a prática de usar um sino para me lembrar para voltar à minha respiração, um sino de atenção plena. Durante as palestras e retiros, um sino soa de vez em quando. Quando ouvimos o sino, é um convite a voltar à nossa respiração.
O sino de atenção plena não é apenas um tradição budista. Na Idade Média era uma tradição cristã: quando o sino da igreja tocava, era um convite a parar de trabalhar e reflectir por um momento nos presentes que recebemos ou na natureza das nossas vidas.
Posso perder-me tão facilmente no passado e no futuro que por vezes trago um sino comigo e uso-o muitas vezes quando dou palestras para que todos parem e respirem e simplesmente estejam no presente. Mas não é necessário andar com um sino a sério. Se quisermos, podemos encontrar sinos de atenção plena por todo o lado. Se escutarmos com atenção, o sino toca constantemente à nossa volta."
Um extracto do livro de Claude Anshin Thomas, de que lemos outras passagen no encontro de ontem à noite na UBP.