domingo, janeiro 02, 2005

Retiro na cidade

Alguns de nós começaram o ano da melhor maneira possível: em meditação. No próximo domingo, dia 9 de Janeiro, vamos fazer um período intenso de prática. Começamos às 6 da manhã para estar presentes quando o dia nascer. De resto, terá a estrutura de um retiro Zen, períodos de meditação sentada, em andamento, leitura de sutras, uma actividade no exterior (provavelmente nos jardins do Palácio), para além dos necessários intervalos para chá, bolachas, e o almoço. Uma oportunidade de sair da distracção em que habitualmente estamos submergidos.


SEAT and DIE FOTO ©JR/Sogenji 2004


"A mente, ou consciência, está no coração da teoria e prática budistas, e nos últimos 2500 anos, meditadores têm vindo a investigá-la e a usá-la como um meio de transcender a existência insatisfatória e de atingir a paz perfeita. Diz-se que toda a felicidade, comum e sublime, é atingida pela compreensão e transformação de nossa própria mente.

Um tipo de energia não-física, a função da mente é conhecer, experienciar. É a própria consciência. É clara por natureza e reflecte tudo o que experiencia, assim como um lago calmo reflecte as montanhas e florestas que estão ao seu redor.

A mente muda de momento a momento. É um continuum sem início, como um fluxo sempre em movimento: o momento-mental prévio dá origem a este momento-mental, que dá origem ao próximo momento-mental e assim por diante. É o nome geral dado à totalidade das nossas experiências conscientes e inconscientes: cada um de nós é o centro de um mundo de pensamentos, percepções, sentimentos, memórias, sonhos — tudo isto é a mente.

A mente não é uma coisa física que tem pensamentos e sentimentos; essas próprias experiências são a mente. Por ser sem matéria, ela é diferente do corpo, apesar de mente e corpo serem interconectados e interdependentes. Este relacionamento explica porque, por exemplo, as doenças e os desconfortos físicos podem afectar a mente, e porque as atitudes mentais, por sua vez, podem dar origem tanto à cura quanto aos problemas físicos.

A mente pode ser comparada a um oceano, e os eventos mentais momentâneos — como a felicidade, a irritação, as fantasias e a tristeza — às ondas que sobem e descem sobre sua superfície. Assim como as ondas podem ser apaziguadas para revelar a calma das profundezas do oceano, assim também é possível acalmar a turbulência de nossa mente para revelar a sua clareza natural.

A habilidade para fazer isto está dentro da própria mente, e a chave para a mente é a meditação.

(McDonald, Kathleen. How to Meditate: A Practical Guide
adaptação da edição de Robina Courtin. Ithaca: Snow Lion, 1998)