domingo, dezembro 05, 2004

Meditação

O "trabalho" da Meditação é muito bem descrito neste texto de "Um Dharma" de Joseph Goldstein que voltámos a ler ontem depois da meditação.

Portanto começamos com um simples objecto de atenção, como a respiração, e treinamo-nos para voltar a ele sempre que ficamos distraídos, vezes sem conta. A primeira percepção no hábito da distracção leva-nos a compreender o valor e a importância de firmar a nossa atenção porque os mundos que criamos em nós mesmos e à nossa volta todos têm origem na nossa mente. Quantos mundos-mente diferentes habitamos nos nossos pensamentos, mesmo entre uma respiração e outra? E quantas acções iniciamos por causa destes pensamentos que passam despercebidos?



Ao tomar primeiro um objecto particular de concentração e depois treinar a mente para ficar focada nesse objecto, podemos desenvolver calma e tranquilidade. O objecto pode ser a respiração, um som ou mantra, uma imagem visual, ou certas reflexões – todos servem para concentrar a mente. Ao princípio, isto requer o esforço de voltar continuamente, de cada vez que a mente vagueia. Com a prática, contudo, a mente fica treinada, e então repousa facilmente no objecto escolhido.

Para somar aos sentimentos de tranquilidade e paz, o estado de concentração também se torna a base para uma percepção e sabedoria profundas. Vamos dar por nós a abrir para o sofrimento do mundo mas igualmente para a sua imensa beleza. Através do poder de uma maior atenção, uma simples experiência torna-se viva magicamente: a silhueta de um ramo contra o céu nocturno, ou árvores a balançar com o vento invisível. A forma como sentimos o mundo purifica-se, a percepção do mundo transforma-se. Marcel Proust escreveu: “A verdadeira viagem de descoberta consiste não em ver novas paisagens, mas em ter novos olhos.”

imagem de www.pantheism.net