segunda-feira, setembro 27, 2004

Mais um poema de despertar

Já referi aqui o meu encontro "virtual" com Adyashanti. Da longa conversa em que ele conta a sua viagem espiritual, aqui vai o poema que escreveu na manhã em que "despertou":

Today I awoke, finally I see the Self has returned to the Self.
The Self is none other than the Self.
I am deathless. I am endless. I am free.
The birds outside sing and there am I.
The seeing of leaves on the trees, that seeing am I.
The body breathes, breathing am I.
I am awake and I know that I am awake.
Seen from the old eyes, everything is asleep, a game, a delusion.
But now I am awake. I am the play. I am the game. I am the delusion.
I am the enlightenment I sought, looking everywhere.
Nothing is separate, nothing is alone.
I am all that I see.
All that I smell, taste, touch, feel, think and know.
I am awake and this awakeness is the same as Shyakyamuni Buddha's
Today the leaf has returned to the root.
I am all name and form and beyond all name and form.
I am Spirit, no longer trapped in a body.
I am free. I am free because I am awake.
So ordinary.
Who would have thought ?
Who could have guessed ?
I am home.
I am really home.
Ten thousand life times.
Ten thousand life times but today I am home.
Ten thousand life times but today I am home.
This is not an experience. This is me.
I am awake. Finally, I am awake.
Nothing has changed, but I am awake.
Before I tasted the root many times and felt?
How delicious.
Today I became the root. How ordinary.



Hoje acordei, finalmente vejo que o Eu voltou ao Eu.
O Eu nada é mais do que o Eu.
Sou imortal, sou infinito, estou livre.
Os pássaros cantam lá fora e aqui estou eu.
Olhar as folhas das árvores, esse olhar sou eu.
O corpo respira, eu sou o respirar.
Estou desperto e sei que estou desperto.
Ao ver com o antigo olhar, tudo está adormecido,
tudo é jogo, ilusão.
Mas agora estou desperto.
Sou a jogada, sou o jogo, sou a ilusão.
Sou a iluminação por que ansiava, procurando por todo o lado.
Nada está separado, nada está só.
Sou tudo o que vejo.
Tudo o que cheiro, provo, toco, sinto e sei.
Estou desperto, e este despertar é o mesmo do Buda.
Hoje a folha volta à raiz.
Sou todo nome e forma e para lá do nome e da forma.
Sou Espírito, deixei de ser prisioneiro de um corpo.
Sou livre. Sou livre porque acordei.
Tão vulgar.
Quem haveria de pensar?
Quem poderia adivinhar?
Estou em casa.
Cheguei mesmo a casa.
Dez mil vidas.
Dez mil vidas mas hoje estou em casa.
Dez mil vidas mas hoje estou em casa.
Isto não é uma experiência.
Isto sou eu.
Despertei. Finalmente, despertei.
Nada mudou, mas despertei.
Provei a raiz muitas vezes e sentia...?
Que delícia.
Hoje tornei-me a raiz.
Que vulgar.



foto de Adyashanti: ©Bill Lange, no site Zen Satsang